quarta-feira, 4 de abril de 2012

Pândega.

A impermanência era o grande caráter distintivo dali,
Cigarros, boemia e saias compunham os contrastes de uma noite de contentamento e libido.
Jovens imberbes - a caçoar de mazelas, mendigos e embriagados - desciam as ladeiras de 
ruas estreitas e obscuras. Seguiam o som e as luzes que teimavam em alumiar e preencher aquele
lugarejo de esbórnia e orgia.
A vida deslizava com sutileza e voracidade, as rodas de samba, o suor tão pertinente que insistia
em escorrer, mais um copo, moças dançando com desafogo impunemente a incitar os ébrios que 
ali permaneciam a prestigiar toda aquela cerimônia - era quase religião!
Ali, era o refúgio das dores, dos amores e dissabores - amiúde.
Jogos, cartas..tinha espaço e combustível de sobra.. Um ensaio de uma discussão que logo se esvaia,
De súbito, mais uma garrafa de gim..
A noite parecia uma eternidade onde o tempo ali não costumava ser notado.. 
Pernas confundiam-se entre mesas, cortinas e vícios.. Enlevo!
Apesar de custosa, a aurora começara a mostrar-se, pomposa a desiludir anfitriões de todo aquele vigor..
Portas fechadas, mesas recolhidas; apenas os parvos bêbados a vacilarem entre as próprias pernas
e atribuir gaiatices às beatas injúrias que destinavam-se ao culto! T'esconjuro.
Apressavam o passo e repreendiam a astúcia. E (eles) riam e tropeçavam a subir as íngremes e intermináveis ladeiras..
Saudações, o dia se tornara a noite e vice-versa! Esgotados, tomavam seus rumos, exaustos porém
com o sorriso estampado na face, resultado da suprema felicidade que ali viveram.